A casa de Pedra:
Caverna
intitulada “Casa da Pedra” foi descoberta pelo Sr. Basílio Burei há 60
anos quando este estava em caçada a uma vara de porcos selvagens na
região do vale do rio Cantú, no município de Palmital, Paraná. Desde
então, a caverna somente era utilizada como abrigo para animais
selvagens e, por vezes, para abrigar caprinos das propriedades
adjacentes.
Ocorreu
que o sobrinho de seu Basílio, Miguel Burei Sobrinho, secretário do
meio ambiente do município de Palmital, publicou em seu blog fotos dessa
caverna, classificando-a como a primeira caverna de topo reconhecida no
Paraná, assim descrita por estar localizada no topo de um morro em
altitude superior a 750 metros.
Uma caverna de basalto, seria um conduto vulcânico?
Após a publicação das fotos no blog “Olho Aberto Paraná” o aluno do 2o ano
de bacharel em Geografia da UNICENTRO (Guarapuava), Geovane Ricardo
Calixto orientado pela Profa. Dra. Gisele Pietrobelli, reconheceu pelas
fotos postadas pelo Miguel Burei em seu blog que essa feição se tratava
de um raro tipo de caverna no Brasil, uma vez que tratava-se de uma
caverna no basalto. Logo, surgiu a hipótese: Seria o conduto por onde
as lavas extravasaram?
A
partir de então Geovane começou a entrar em contato com Miguel para
marcar visitas ao local e fazer o reconhecimento em campo desta que
poderia ser uma prova muito importante, podendo inclusive, esclarecer
melhor a forma de extravasamento das lavas do evento vulcânico
responsável pela presença das rochas magmáticas da região.
As geologia da área de estudo
As rochas
encontradas na área datam da Era em que os dinossauros ainda habitavam o
nosso planeta, a Era Mesozóica e são a prova do maior evento vulcânico
já ocorrido em nosso planeta. Na literatura são descritas como Formação
Serra Geral da Bacia do Paraná. Rochas pertinentes a esta Formação
recobrem parte do Centro Sul do Brasil até o Norte do Uruguai, Nordeste
da Argentina e Leste do Paraguai.
E
mais, o processo de extravasamento destas lavas não foi desvendando de
forma precisa ainda. O que torna extremamente relevante a busca por
evidências. Seria esta caverna uma dessas evidências?
A visita

Após
contato com Miguel, Geovane convidou os pesquisadores e amigos
doutorandos em Geografia da UFSC, Wellington Barbosa da Silva e Eliza do
Belém Tratz, para que fosse feito um trabalho de campo para
reconhecimento e identificação de que tipo de feição se tratava. Ali
todas as hipóteses sobre a formação dessa caverna foram levantadas,
sendo a mais relevante de que a feição se trata de um tubo de lavas,
resultantes de derrames de inflação como os que ocorrem ainda hoje no
Hawai, já descritos no Paraná por Waichel (2005 2006).
O trabalho dos pesquisadores
Para que
uma hipótese possa ser confirmada é preciso realização de trabalhos de
campo e interpretações cautelosas em laboratório. É um trabalho que
exige horas de dedicação e estudo. Sendo assim, o grupo comprometeu-se
com essas análises e interpretações e com o auxílio do secretário de
meio ambiente, Miguel Burei, os trabalhos foram iniciados no dia 20 de
fevereiro de 2012. A partir desta data foram feitas coletas de amostras
de rocha, levantamento da topografia do ambiente. Ainda vem sendo
realizados estudos da estrutura do derrames que compõe o ambiente
interno e externo da caverna.
O convênio firmado para estudos
Dessa
forma, a Prefeitura de Palmital firmou convênio com a Universidade
Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), a fim de garantir que a região
será explorada cientificamente pelos alunos e profissionais da
Universidade, sendo que, os resultados da pesquisa ficarão a disposição
da prefeitura do município para utilização em projetos de
desenvolvimento da região.
Os resultados
Os dados
preliminares sugerem de fato que a caverna se trata de um tubo de lavas,
formado quando material magmático solidifica-se formando uma crosta em
superfície. Por baixo desta crosta a lava continua a correr originando
canais de lava (tubos). Isso indica a possibilidade de que a Gruta Cantu
seja um tubo de lava ainda preservado. Se confirmado, o primeiro tubo
de lava reconhecido no Brasil, até então se julgava improvável a
descoberta de feições como estas ainda preservadas. No entanto, é
preciso a realização de mais análises. Precisamos provar cientificamente
a origem desta caverna, por isso tantos pesquisadores envolvidos no
trabalho.
Os pesquisadores
Hoje a área conta com o apoio dos seguintes pesquisadores:
Coordenação: Prof. Dra Gisele Pietrobelli
Geógrafa
- Professora adjunta ao departamento de Geografia da UNICENTRO -
Coordenadora da pesquisa em Estudos Subterrâneos -Guarapuava.
Pesquisadores envolvidos:
Breno Leitão Waichel – Professor doutor de Geologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Edison
Ramos Tomazzoli – Professor doutor do Programa de Pós Graduação em
Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professor
adjunto do departamento de Geologia (UFSC).
Eliza
Tratz - Geógrafa e doutoranda do Programa de Pós Graduação em Geografia
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na linha de pesquisa:
processos geológicos/geomorfológicos.
Geovane Ricardo Calixto, graduando do curso de Geografia Bacharelado da UNICENTRO – Guarapuava – Responsável pela área em questão.
Rafael A. de Castro graduando do curso de Geografia Bacharelado da UNICENTRO – Guarapuava.
Rodrigo Mathias graduando do curso de Geografia Licenciatura da UNICENTRO – Guarapuava.
Wellington
Barbosa da Silva, Doutorando do Programa de Pós Graduação em Geografia
da Universidade Federal de Santa Catarina na linha de pesquisa processos
geológicos/geomorfológicos (UFSC).
Importante
frisar que a área encontra-se cercada, com o intuito de evitar a
entrada de animais e curiosos que possam vir a depredar o ambiente
comprometendo o meio ambiente local e dados da pesquisa.