Prof. Cláudio J. Barros - UFPR
Não
existe dúvida de que a maior contribuição para a Biogeografia Moderna foi à
aplicação da Teoria Tectônica de Placas. Com ela, houve a possibilidade de
explicações sobre a distribuição de muitos táxons disjuntos, que até então, não
passavam de mera especulação e de teorias, que, para algumas hoje parecem
absurdas, tais como, as das “Pontes Continentais”, durante o período
Pré-Darwianiano e Darwianiano.
Mas, o que é a Deriva Continental? Uma explicação simples da teoria da
Deriva Continental, hoje conhecida como Teoria Tectônica de Placas, é: os
continentes se deslocaram e deslocam através da superfície do globo terrestre
sobre o manto superior. Pelo deslocamento destas placas, a posição atual dos
continentes ou porções de continentes, não corresponde as suas posições no
passado e não corresponderão as suas posições no futuro.
As idéias sobre a movimentação dos
continentes começam no século passado, quando Snider em 1858 publicou um mapa
unindo os continentes, Africano e da América do Sul, conforme relata Brown
& Gibson (1983) e Salgado-Labouriau (1994). Brown & Gibson (1983)
relatam que em 1910, o geólogo americano Taylor publicou uma teoria sobre a
formação das cadeias de montanhas relacionando-a com a movimentação dos
continentes. Em 1915, Alfred Wegener, meteorologista alemão, publicou suas
idéias sobre a Deriva Continental.
De acordo com Brown & Gibson (1983) e
Salgado-Labouriau (1994), Wegener baseou sua teoria na justaposição dos
continentes, magnetismo, paleoclimas e evidências fósseis. A teoria de Wegener sintetizava evidências de
muitas disciplinas como a geologia, geofísica, paleoclimatologia, paleontologia
e biogeografia.
Brown & Gibson (1983) sumarizam seis
conclusões de Wegener, as quais, segundo eles, não sofreram alterações em suas
essências, que são:
1. As rochas continentais são
fundamentalmente diferentes, menos densas, mais finas e menos altamente
magnetizadas daquelas do fundo do mar. Os blocos mais leves dos continentes
bóiam em uma camada viscosa do manto;
2. Os continentes estavam unidos em um único
supercontinente, o Pangea que, dividiu-se em placas menores que se moveram,
flutuando no manto superior. A quebra do Pangea começou no Mesozóico, mas a
América do Norte ainda ficou conectada com a Europa até o Terciário ou ainda
até o Quaternário;
3. A quebra do Pangea começou em um vale que
gradualmente alargando-se em um oceano. Distribuição dos maiores terremotos e
regiões de vulcanismo ativo e elevação de montanhas estão relacionados com os
movimentos destas placas da crosta terrestre;
4. Os blocos continentais mantêm ainda seus
limites iniciais, exceto, nas regiões de elevação de montanhas, de tal maneira
que se fossem unidos haveria similaridades em relação a estratigrafia, fósseis,
paleoclimas, etc. Estes padrões são inconsistentes com qualquer explicação que
assuma a posição fixa dos continentes e oceanos;
5. Estimativas da velocidade de movimentação
de certos continentes estão em torno de 0,3 a 36 m/ano e mostra que a Groenlândia
separou-se da Europa a apenas 50.000
a 100.000 anos atrás;
6. O aquecimento radioativo do manto pode ser
a causa primária para a movimentação gradual dos blocos, mas outras forças
podem estar envolvidas;
Algumas evidências da Deriva Continental.
1- Cristas Mesoceânicas ou Dorsais oceânicas.
2- Paleomagnetismo, com orientação para os
pólos e paralelas nos dois lados das dorsais.
3- Falha de San Andreas na Califórnia.
4- Rift Valley na Costa Leste Africana
5- Mesosaurus na América do Sul e África
6- Flora de Glossopteris (América do Sul,
África, Índia, Austrália, Antártida).
7- Flora Conífera (climas tropicais) Leste da
América do Norte e Oeste da Europa.
8- Flora de Archaeopteris (Rússia, Irlanda, Canadá
e Estados Unidos).
Sintese do trabalho realizado pelo professor Claudio Barros, Deriva Continental. Tectonicas de Placas.
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