Sintese Onchocerca
volvulus
Gilberto Fontes / Eliana Maria Mauricio da Rocha
A Onchocerca
volvulus (leuckart, 1893) é um filarídeo do tecido subcutâneo humano, sendo
encontrado em 35 países. A oncocercose atinge cerca de 18 milhões de pessoas no
mundo, das quais aproximadamente 270 mil são cegas, deviso ao parasitismo. Em
vista disso, essa doença é considerada pela Organização Mundial de Saúde como
uma grave endemia, sendo um obstáculo para o desenvolvimento socioeconômico.
Este filarídeo é conhecido nas Américas desde 1915, quando foi encontrado n Guatemala.
NO Brasil, o primeiro caso autóctone foi descrito por Bearzoti e cols (1967),
que removeram dois nódulos contendo vermes adultos na cabeça de uma criança.
Biologia
Os parasitos vivem enovelados em
oncocercomas ou nódulos fibrosos subcutâneos. Há, geralmente, um casal de
vermes adultos em cada nódulo, cuja localização é variável em relação a região
endêmico do agente causador. Um casal de vermes adultos vive aproximadamente 14
anos. As fêmeas medem entre 40 e 50cm e os machos entre 2 e 4cm. As
microfilárias não apresentam bainha e medem cerca de 300 micrometros de
comprimento.
O ciclo biológico do Parasita (
Heteroxênico ) ocorre entre humanos e dípteros do gênero Simulium, popularmenteconhecido como “borrachudo” ou “pium”. As
fêmeas são hematófogas, mas sugam também o líquido tissular, ocaiam em que
ingerem as microfilárias que irão se desenvolver até larva infectante (L3).
Este desenvolvimento do hospedeiro invertebrado ocorre em cerca de 10 a 12 dias
em condições adequadas de temperatura e umidade. As larvas infectantes
alcançaram a probóscida do vetor e, na ocasião de um repasto sanguineo, iram
atingir um novo hospedeiro, dando origem a vermes adultos no tecido subcutâneo,
aproximadamente um ano após a infecção. Um casal de vermes adultos vive
aproximadamente 12 anos e cada fêmea produz milhões de microfilárias, cuja
longevidade é de até 24 meses.
Patogenia
As alterações provocadas pela
oncocercose, causadas principalmente pelas microfilárias, podem variar muito,
ocorrendo desde portadores assintomáticos até pacientes com lesões cutâneas e
oculares graves. A morbidade é mais freqüente em comunidades com prevalência de
parasitados maior que 60%. As principais manifestações da parasitose, que ocorrem
em três anos após a infecção são Orcocerconemas, oncodermatite ou dermatite
oncocercosa, lesões oculares, lesões linfáticas e a disseminação que ocorre
quando as micrifilárias caem na carrente sanguinea via via sistema linfático e
se disseminar para várias partes do corpo.
Diagnbóstico
Pela sintomatologia do paciente e
dados epidemiológicos pode-se suspeitar da infecção, mas o diagnóstico
laboratorial confirma a parasitose. Para O. valvulus o melhor método de exame é
a retirada de um fragmento superficial de pele da região escapular e da região
do corpo mais afetada. Esse fragmento,
retirado com um esclerótomo, é incubado por 30 minutos em gotas de solução
fisiológica sobre uma lâmina de vidro e coberto com uma lamina. Em alguns
minutos, as microfilárias abandonam o fragmento de pele, sendo vistas ao
microscópio movimentando-se ativamente. Os diagnósticos poderam ser feito ainda
por exames oftalmológicos, teste de Mazzotti e exames sorológicos.
Epidemiologia
A oncocercose tem uma distribuição em
países da África e, nas Américas, é encontrado no México, Guatemala, Venezuela,
Colômbia, Equador e norte do Brasil. Na epidemiologia, existem três elos
fundamentais. O homem doente, que é fonte de infecção, o Simulium, que é transmissor, e o homem suscetível. Em nosso país,
os focos estão restritos aos indígenas Yanomami no norte do Estado do Amazonas
e em Roraima, que se relacionam com os focos do sul da Venezuela.
A oncocercose pode se instalar em
qualquer individuo, independente de raça, idade e sexo. O grau de endemicidade
numa região esta relacionado com a proximidade de criadouros de Simulium,que são principalmente águas
encachoeradas.
Existe o risco de disseminação desta
parasitose para outras regiões do Brasil, uma vez que, na área di índios
Yanomami, principalmente na serra dos Surucucus, há grandes jazida ocupados por
boa parte do tempo por garimpeiros que posteriormente vão para outras parte do
país.
Profilaxia
Consiste no tratamento dos
parasitados com terapêutica e combate ao “borrachudo” com o uso de inseticidas
biodegradáveis. Deve-se fazer a proteção do homem sadio com uso de repelentes e
roupas adequadas. Para se evitar a disseminação da parasitose, é necessário o
exame de toda pessoa que tenha tido contato prolongado com os índios Yanomami,
como garimpeiros.
Tratamento
A ivermectina, um antibiótico
macrolídeo semi-sintético, inicialmente era usada exclusivamente em
parasitologia veterinaria, sendo liberada para uso humano em 1987. A
ivermectina estimula a liberação do ácido gama amino butírico (GABA) nas
terminações nervosas, favorecendo sua fixação no nível dos receptores,
interferindo na transmissão de impulsos nervosos, determinando a eliminação dos
parasitos. O uso do medicamento é contra-indiciado em gestantes ou lactantes.
Referência Bibliografica. D.
P. NEVE. PARASITOLOGIA HUMANA. ED. ATHENEU, 11º edi, São Paulo 2005, 494 pg.