Lei da conservação da massa (Lei de LEVOISIER)

"Na natureza nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma" ANTOINE LAURENT LAVOISIER (1743 - 1794)

A expressão que o Sr. Herbert Spencer emprega "a persistência do mais apto", é a mais exata e algumas vezes mais cômoda. A Origem das Espécies - Charles Darwin ( 1809 - 1882)

“Nada em biologia faz sentido senão sob a luz da evolução”. Theodosius Dobzhansky (1900- 1975)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ALTERAÇÃO GÊNICA DEVIDO AO TABAGISMO OCASIONA SELEÇÃO NEGATIVA A ESPÉCIE HUMANA

          Atualmente o homem não tem somente a finalidade de uma reprodução física, mas uma satisfação de necessidade socialmente fabricada, a concepção é gerada neste contexto histórico, influenciando países de diferentes orientações políticas e ideológicas. Tais conceitos se expandem a nível cultural e passam a fazer parte da conduta, entre outros fatores o consumo de tabaco passa a fazer parte do estilo de vida de grande parte da população ocasionando toda uma problemática e suas ramificações. O consumo de tabaco é atualmente responsável por cerca de cinco milhões de mortes anuais, constituindo a primeira causa de morbidade e de mortalidade evitáveis nos países desenvolvidos. Se não forem instituídas medidas efetivas de prevenção e de controle, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2030, morrerão anualmente cerca de 10 milhões de pessoas. A indústria do fumo será reconhecida no futuro, como a maior atentado à saúde pública em toda a história da humanidade (CAPOZZOLI, 2003).   
           O tabagismo é o ato de consumir produtos que contenham tabaco, cujo principio ativo é a nicotina. A OMS afirma que o tabagismo deve ser considerado uma pandemia, ou seja, uma epidemia generalizada, e como tal precisa ser combatida. A fumaça do cigarro é uma mistura de aproximadamente 4.720 substâncias tóxicas, atuando sobre os mais diversos sistemas e órgãos, contém mais de 60 cancerígenos (CAPOZZOLI, 2003).
           Seu consumo tem efeitos devastadores na saúde e na longevidade, tabagismo causa alterações genéticas depois da inalação da fumaça. Um estudo publicado na revista "Chemical Research in Toxicology" detalha como a fumaça do cigarro é altamente lesivo para as células, tornando as degeneradas, modificadas em muitos casos estranhas para o organismo, “marca registrada” de células envelhecidas. Os cientistas seguiram o caminho dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, substâncias cancerígenas do cigarro, em 12 voluntários. Eles descobriram que a substância forma um composto tóxico no sangue, que causa mutações celulares, degeneração dos tecidos, principalmente por afetar o DNA, modificando as informações genéticas e provocando desorganização celular. Isso pode levar ao câncer, afirmam os pesquisadores. Até agora, os cientistas ainda não conheciam o modo específico em como os hidrocarbonetos, presentes no fumo, danificam o DNA nos seres humanos. A pesquisa foi feita com um dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), o fenantreno. Os pesquisadores verificaram a formação imediata, no sangue, de uma substância tóxica, capaz de causar mutações no DNA, atingindo o nível máximo no organismo dos fumadores apenas 15 a 30 minutos depois de terminarem de fumar. Para Stephen S. Hecht, um dos responsáveis pela pesquisa, os resultados obtidos constituem um sério aviso para aqueles que estão tentados a começar a fumar (STEVEN et. al. 2010).
          A biologia molecular permite identificar biomarcadores da exposição a substâncias cancerígenas, bem como a dose, a susceptibilidade e a resposta a essa exposição em materiais biológicos, tecidos e células, sangue, saliva e urina.  A investigação experimental permite evidenciar, por exemplo, que a exposição aos hidrocarbonetos aromáticos policiclícos, um dos carcinogênicos existentes no fumo, atuar sobre o DNA, levando à formação de dutos, que podem levar a mutações. A idade de início do consumo parece estar relacionada com o número de dutos de DNA em circulação. No entanto, estas mutações podem ocorrer independentemente da intensidade e do tempo de exposição, sustentando, assim, o princípio de que não há níveis seguros de exposição. As alterações genéticas associadas ao consumo de tabaco são um dos campos em contínua investigação. O gene supressor de tumores tem sido bastante estudado, parecendo haver um padrão de mutação específica deste gene nos fumadores e no papel das variações individuais no processo de reparação do DNA (Brown, 2009).
         Modificação ou alteração brusca de genes ou de cromossomos pode provocar uma variação hereditária ou uma mudança no fenótipo. As mutações ou alterações gênicas podem produzir uma característica favorável num dado ambiente e desfavorável em outro. A ciência avançou no campo das descobertas de alterações genéticas ligadas a doenças, existe uma importância em reconhecer os agentes mutagênicos.  Alteração gênica devido ao tabaco ocasiona mutações deletérias nos seres humanos, existem várias doenças provocadas pelas alterações genéticas, muitas delas cromossômicas e outras gênicas. As alterações genéticas podem geralmente resultar de transmissão hereditária, quando um dos pais é portador no seu código gênico do gene causador da desordem, ou seja, uma mutação de linhagem germinativa, ou ainda devido a anomalias nos cromossomos. Todas as alterações genéticas resultam da cópia, perda, substituição ou duplicação de informações genéticas já existentes (BROWN, 2009).  
         Agentes do cigarro teriam particular importância nas alterações estruturais, uma vez que eles induzem quebras cromossômicas. O desenvolvimento de doenças deletérias desenvolve devido a uma variabilidade genética que existe entre os indivíduos nas enzimas reparadoras do DNA. O conjunto de genes deletérios de um indivíduo ou de uma população é chamado de carga genética, e o conjunto de genes, uns melhores, outros piores, constitui a variabilidade genética populacional. Mutações geram variações no conjunto de genes da população, sendo desfavoráveis, podem ter sua freqüência reduzida na população por meio da seleção natural (GARDNER, 1987).
         É comum pessoas fumantes participarem de grupos com outros membros fumantes, a união dos casais é estabelecida pelo mesmo critério, em casais fumantes existe uma enorme preocupação com a reprodução. Os efeitos do cigarro sobre as células germinativas são os mais importantes, na medida em que nos interessamos pela transmissão das mutações à futura prole, elas são transmitidas para todas as células dos descendentes, e afetam as gerações futuras. Tais mutações são denominadas “mutações germinativas”, e são a causa de doenças hereditárias. Quanto maior a alteração no DNA, mais a mutação afeta seus portadores, e maior será a probabilidade de ela ser deletéria. A seleção natural não cria genótipos bons, ela atua sobre os genótipos existentes na população e, eventualmente, em algumas gerações devido ao tabagismo é possível a existência de apenas genótipos ruins e péssimos. Muitas trocas mutacionais serão para pior e terão coeficientes de seleção negativos, a adaptação é um estado improvável da natureza (RIDLEY, 2006).
        O consumo de tabaco tem efeitos antiestrogênicos, pode estar associado a irregularidades e perturbação menstruais e a ciclos anovulatórios. Fumar prejudica quase todos os aspectos da saúde sexual, reprodutiva e dos bebês, fumar durante a gravidez constitui um grave risco, quer para a mãe, quer para o feto. Existe evidência suficiente de que o consumo de tabaco durante a gravidez é causa de atraso de crescimento intra-uterino, de baixo-peso ao nascer, de ruptura precoce das membranas, de placenta prévia, de descolamento da placenta e de gravidez de prétermo. Há evidência sugestiva da associação com um ligeiro aumento do risco de aborto espontâneo. As mulheres fumadoras têm uma menor probabilidade de amamentarem, ou de amamentarem por períodos mais curtos. O risco de mortalidade pré-natal e de morte súbita do lactente é mais elevado nos filhos de grávidas e mães fumadoras. As mulheres que deixam de fumar antes ou durante a gravidez reduzem os riscos associados ao consumo de tabaco (Nunes, 2006). 
        Estudo revela que o tabagismo materno durante a gravidez reduz drasticamente o número de células germinativas, que formam óvulos e espermatozóides, e de células somáticas, que formam todas as outras partes do corpo do feto em desenvolvimento. Segundo, Andersen (2010), estas interferências na formação celular podem ter um efeito adverso sobre a fertilidade do bebê na vida adulta. A equipe dinamarquesa descobriu que o número de células germinativas teve uma redução de 55% nos embriões de mães que fumaram, em comparação com os de mães não fumantes. O número de células somáticas encontrado também foi bem menor nas mães fumantes, cerca de 37% a menos. Os pesquisadores constataram que as células germinais são mais suscetíveis aos danos causados pelo tabagismo do que as células somáticas. O primeiro trimestre é o momento crucial da gestação, quando os órgãos genitais do embrião em desenvolvimento estão se diferenciando para formar testículos ou ovários. “Como as células germinativas de embriões formarão os espermatozóides e os óvulos, no futuro, é possível que o efeito negativo sobre o número de células germinativas, causadas pelo tabagismo materno, durante a gravidez, possa influenciar a fertilidade futura da prole” (Andersen, 2010).
         O fumo é responsável também por até cinco mil abortos por ano. O aborto espontâneo atua, assim, como agente seletivo, eliminando as mutações cromossômicas mais graves, quando todos os indivíduos de uma geração morrem, sem deixar descendentes, a população é extinta. Charles Darwin (1859) escreveu em sua obra Origem das Espécies “quero salientar que emprego a expressão luta pela existência em sentido amplo e metafórico, incluindo nesse conceito a idéia de interdependência dos seres vivos, e também, o que é mais importante, não somente a vida de um indivíduo, mas sua capacidade e êxito em deixar descendentes (Darwin, 1859).
        Segundo Sene (2009), as mudanças das freqüências das características genéticas, em cada geração, decorre da atuação dos fatores evolutivos sobre os indivíduos, aumentando ou diminuindo sua capacidade reprodutiva. A diferenciação da população decorrente de mudança da freqüência das características genéticas, ao longo das gerações, resulta na evolução da população. A seleção natural molda as populações às condições ambientais através de um processo de eliminação das variáveis (mutações) não adaptadas e favorecimento das variáveis que aumentam a adaptação dos indivíduos ao ambiente. O ciclo de vida de todos os organismos envolve o nascimento e a morte. A vida, em decorrência da reprodução, continua depois da morte do individuo, nos seus descendentes, ao longo das gerações. Se um individuo morre, sem ter deixado descendentes, nele se interrompe uma das linhas ancestral/descendentes que vinha se mantendo desde a origem da vida (Sene, 2009).
        O futuro biológico da humanidade tem sido uma questão muito constante. Ao longo de milhões de anos decorrentes do processo evolutivo humano, o homem modificou o ambiente de acordo com suas necessidades fazendo com que a seleção natural afetasse de modo sutil. Assim, os indivíduos ou populações que poderiam ser eliminadas por deficiências biológicas acabaram sobrevivendo pela capacidade de contorná-las. Porém, a insuficiência da humanidade, que definida por sua organização social complexa, esta sendo refletida em seu estilo de vida, e sua deficiência no desenvolvimento cultural que também é definida pelo ambiente. Segundo Sene (2009), vale repetir que o conjunto de variáveis e independentes que determinam, a cada geração, o que acontecerá geneticamente com as populações, é de tal ordem, que é impossível prever. Porém com o nosso estilo de vida aliado aos hábitos tabagicos, é possível criar algumas projeções sobre o futuro drástico da epidemia moderna do tabaco que é pior do que qualquer outra.  

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